sábado, 21 de julho de 2012

O SINO DA ALDEIA¹




Quando o sino da capelinha toca, alguma coisa de notável aconteceu. (...)
Aquele sino é o jornal do povo. Anuncia com o seu dobre festivo ou triste os acontecimentos da aldeia. Jornal de bronze, órgão oficial daquelas famílias ali agrupadas, espalhando em edições gratuitas, lançadas aos quatro ventos, os acontecimentos sociais e religiosos da aldeia. (...)
Aquele velho sino de tanto dobrar e anunciar o que sente aquela gente, parece que adquiriu alma e sensibilidade, porque traduz precisamente tudo que sente e experimenta o povo da aldeia. Há uma perfeita sincronização entre o toque do sino e as palpitações do coração. Há uma perfeita integração de afetos, de sentimentos, de vibrações.
O sino diz o que o povo sente. O povo sente exatamente o que o sino diz. E assim vivem os dois, bebendo na mesma taça, alegria ou tristeza, lágrimas quentes ou beijos afetuosos.

“Sinos da aldeia, sinos de tristeza
Das almas a penar
Quando bateis a própria natureza
Parece meditar.”

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 ¹ Padre ANTONIO VIEIRA.Sertão Brabo.São Paulo: Editora Brasileira, 1968.
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Local: Catedral, Havana, Cuba.
Crédito da imagem: Edna Freitass.

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