Quando o sino da capelinha toca,
alguma coisa de notável aconteceu. (...)
Aquele sino é o jornal do povo.
Anuncia com o seu dobre festivo ou triste os acontecimentos da aldeia. Jornal
de bronze, órgão oficial daquelas famílias ali agrupadas, espalhando em edições
gratuitas, lançadas aos quatro ventos, os acontecimentos sociais e religiosos
da aldeia. (...)
Aquele velho sino de tanto dobrar
e anunciar o que sente aquela gente, parece que adquiriu alma e sensibilidade,
porque traduz precisamente tudo que sente e experimenta o povo da aldeia. Há
uma perfeita sincronização entre o toque do sino e as palpitações do coração.
Há uma perfeita integração de afetos, de sentimentos, de vibrações.
O sino diz o que o povo sente. O
povo sente exatamente o que o sino diz. E assim vivem os dois, bebendo na mesma
taça, alegria ou tristeza, lágrimas quentes ou beijos afetuosos.
“Sinos da aldeia, sinos de
tristeza
Das almas a penar
Quando bateis a própria natureza
Parece meditar.”
____________________________________
¹ Padre ANTONIO VIEIRA.Sertão Brabo.São Paulo: Editora Brasileira, 1968.
.........................
Local: Catedral, Havana, Cuba.
Crédito da imagem: Edna Freitass.
.........................
Local: Catedral, Havana, Cuba.
Crédito da imagem: Edna Freitass.
Nenhum comentário:
Postar um comentário