quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Tempo de Prova



 








É o tempo de prova.

Eu, professor de meu pai.

Meu pai, meu professor.

Juntos, aprendendo.

Na mesma sala de aula. Infantil IV.

É o TEMPO. 

De PROVA.

Quem tiver olhos de ver, verá. 

Quem tiver ouvidos de ouvir, ouvirá.

Amém. 

João Gabriel.

agosto.2020

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Caetanas

 


Caetana. Nascida em Paris. Em pleno carnaval. Em dia de festa. É a alegria das ruas, dos amigos, das rodas de conversa. Vive como escolhe viver. Nas ruas, nas rodas de conversa, na companhia dos amigos. E assim é feliz. Viagens, celebrações, festas no exterior. Quando chora, é de alegria. Tudo é permitido. Até celebrar a morte. Afinal, a morte é passagem, viagem. Podem chorar, podem dizer, podem pensar. Caetana congela o tempo em uma grande festa onde, com maestria, celebra o nascer e o morrer dos dias, dos amigos. Para quem acha que a escolha de viver assim é motivo de inquietação entre os mais próximos, ao estar com Caetana tudo dá lugar a leveza de uma existência onde a logística do tempo não conta, é ignorada. Hoje, Caetana completa 84 anos. Foi encontrada deitada no chão, acolhida pela rua, onde sempre viveu. Morta. Morreu como escolheu viver: depois de uma roda de conversa, na companhia de amigos, nos braços da rua. Feliz. Tim, tim !!!Caetanas.


Da série: Olhos de ver. Ouvidos de ouvir.
#autoconhecimento #vampiros emocionais #despertar #personalidades

domingo, 11 de outubro de 2015

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

substituta de Deus















a tarde cai.
você já vai embora?
sim. já vou embora.
vai me deixar aqui sozinha?
não vai esperar minha filha chegar?
a senhora não vai ficar sozinha.
vai ficar na companhia de Deus.

no que, prontamente, vem a resposta:
- quando você vem, ele não vem! ele sabe que você está aqui.

sorrisos.
mais silêncio do que sorrisos.
ela retorna aos bordados.
eu continuo a lavar as louças.
emocionada com o que acabara de ouvir.
"quando você vem, Deus não vem".
ele não vem pois sabe que você está aqui, cuidando de mim.
quanta responsabilidade a minha.
de ser a substituta de Deus para essa senhora.
como ir embora, no meu horário de pegar o ônibus,
depois de ouvir uma dessa?

Deus confia em mim.
Quando venho, ele não vem.
Amém.




domingo, 6 de setembro de 2015

bom dia da paciência















diariamente
a alvorada acontece
sempre igual.
ainda na rede, a voz acorda a casa
o café tá pronto?
já está atrasado!
na outra ponta da casa, o eco:
o café tá pronto?
já está atrasado!
nesse cantar de lá e de cá,
a casa acorda.
o dia amanhece
a vida acontece, renovada
a voz e o eco se encontram
sorrindo
com o bom dia de todos os dias
que fortalece, amadurece
bom dia da paciência.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

o que é amar?



todos os dias o cuidador leva baronesa para tomar banho de sol.
nesse ir e vir, acontecem muitos diálogos.
ela, sempre resiste, cria estratégias para não ir.
ele, habilidoso, com muito jeito
depois de soltar muitos aviõezinhos,
consegue levar baronesa para tomar banho de sol.

nesse ato de vencer, com sensibilidade, as resistências da baronesa,
que reclama, reclama
de tudo tudo o que ouve
de tudo o que ver,
o cuidador mantém o diálogo sempre com a máxima:
eu te amo, eu te adoro.
no que baronesa retruca:
- cuidador, você não sabe o que é amar.
- baronesa, você sabe o que é amar?
- amar é ter paciência. ela responde.
- baronesa, você tem paciência?
ela pensa, pensa e, sorrindo, responde:
- não.
encerram o diálogo com um largo sorriso,
sob a luz do sol.
afinal, o que é amar?

segunda-feira, 18 de maio de 2015

se eu parar, ela morre












advertido por suas brincadeiras, peraltices,
o adulto, entre sorridente e reflexivo, justifica:
faço o que faço para não deixar morrer
a criança que está dentro de mim.
se eu parar, ela morre.



sábado, 29 de novembro de 2014

sobra de emoções



cabe a helena,
a sobra de emoções.
excedeu, transbordou, é setor de helena.
compete a ela, cuidar.
receber, acolher, resolver.
é essa a função de helena nesta vida.



janela da rua.

da casa do tempo.

domingo, 5 de outubro de 2014

gritos de amor


























quando o amor transborda
no jeito de olhar
no jeito de falar
no jeito de gritar, sorrindo.

da porta da rua, em uma cadeira de balanço
envolta em seus bordados de todo santo dia
grita:
luiza, o café tá pronto?
lá da cozinha, outro grito:
patroa, tá quase pronto!
enquanto responde, caminha até a porta da rua
e, frente à frente,
sorriem.
a patroa quer o café com ou sem açúcar?
não há resposta.
apenas sorriem.
voltam à suas atividades.

todos os dias são assim
transbordantes de amor.
de gritos de amor.





(fonte: Diário de uma Baronesa)