sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Mãos pra quê?



No restaurante ou em casa,
gosta de comer, certos alimentos, pegando com as mãos.
Alguém ousa indagar:
- por que a senhora não pega a comida com a colher?
De pronto, vem a resposta:
- pra quê que eu quero as mãos?












(fonte: Diário de uma Baronesa, 01.01.2013)



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Vende-se esta casa


Casa de portas e janelas fechadas.
Entram e saem pessoas fechadas.
Nenhum olá,
tampouco, um olhar.
Enquanto borda, 
observa
a casa, as pessoas.
O tempo passa.
Casa e pessoas permanecem iguais.
Fechadas.
Enfim, o dia amanhece.
Casa à venda.
Ao ler o anúncio,
pensa em voz alta:
Que a pessoa que comprar essa casa,
goste de amizade.



(fonte: Diário de uma Baronesa- 17.01.2013)

domingo, 17 de agosto de 2014

Último encontro


Ele costuma reunir amigos em sua casa para celebrar a vida.
Sempre envolto pela família.
Hoje, não poderia ser diferente.
Igreja cheia de pessoas queridas.
Quando o sino badala 23horas,
os convidados são levados a uma cafeteria.
Comemoram, conversam, sorriem.

Os familiares cuidam de deixar a igreja fechada.
Somente ele fica lá.
Guardado.
Protegido por todos os santos.

Logo cedo, retornam.
Assistem o ritual de passagem,
do encerramento de um ciclo.
Acontece o funeral.
E ele, de corpo presente,
no último encontro.



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Esse lugar existe
















Moramos num pedaço do mundo em que os vizinhos cuidam uns dos outros.
Se as luzes da casa estão acesas ou apagadas a uma certa hora da noite,
Se o carro está do lado de fora da garagem,
Se o portão da garagem está aberto ou fechado,
Se a cortina da casa está fechada ou aberta.
Cada situação sinaliza algo particular de cada morador.

Quando algo sai da rotina, do que é o costume, o alarme dispara.

Numa dessas, uma das casas que costuma estar de luzes acesas até altas horas da noite, foi observada que as luzes estavam apagadas. O telefone também não atendia.
Sinais mais do que suficientes para o alarme disparar.

Em pouco tempo o sistema humanizado de busca acionou os contatos.
Para alegria de todos, logo obtivemos o retorno:
- Fomos deixar duas amigas no aeroporto. Na volta, passamos em um barzinho para lanchar.

Esse lugar existe.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Não sou passarinho!














No meio da manhã, inusitadamente, Baronesa vai até a cozinha preparar algo.
Um tipo de pirão com farinha, como se costuma dizer.
Luiza, sempre atenta, reflete:
- a senhora podendo comer uma fruta que é mais saudável!
Baronesa, prontamente, responde:
- eu não sou passarinho para comer fruta!
Na troca de olhares, as duas sorriem.

(fonte: Diário de uma Baronesa)