terça-feira, 31 de julho de 2012

Retrato quase apagado em que se pode ver perfeitamente nada¹


Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
- Imagens são palavras que nos faltaram.
- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira. Estou sendo.


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¹fragmento do livro O Guardador de Águas, de  Manoel de Barros.Rio de Janeiro: Record, 2009.
 imagem: colhida na rede.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

DESENHANDO O ARCO-ÍRIS COM CARVÃO¹



por Arlinda Alves de Sousa

Eu assentada diante de um computador com intenção explícita de escrever minha história de leitora; para mim, que a conheço, fica engraçada essa possibilidade.

Ainda sem noção do que era escola, ouvia da voz da minha vó Luísa causos assim: sabe, minha filha, naquela árvore mais frondosa, ali na mata da biquinha, mora o Pé de Garrafa. Pé de Garrafa? Ela mostrou-me a árvore, era toda limpa ao redor. Deixava a conversa prosseguir. Ela descrevia o Pé de Garrafa dizendo: quando é noite, ele pula por aí nesse cerrado. Na cabeça repousa um tacho. E... De vez em quando, solta um grito. À noite, quando íamos dormir, ouvia não só o grito, mas também o barulho dos seus saltos. Quando o sol substituía a lua no céu e eu saía pra pegar gabiroba e murici, via o rastro do Pé de Garrafa. Voltava em disparada para casa.

O tempo foi passando... E um dia vi uma lagartinha rodopiando no chão de terra, fazendo o rastro do Pé de Garrafa.  Descobri que os saltos eram dos cavalos piados que pastavam perto de nossas casas (era só cerrado).

Como eram doces aqueles dias. Minha vó, mulher nascida e criada na roça, nunca vira um livro, mas na noite de lua cheia se punha a contar a história que acontecera pelas beiras do rio Urucuia. Rio bonito, com muito peixe. Naquelas bandas tinha uma família que por força do destino não tivera filho varão. Só uma menina de nome Diadorim. Era tinhosa que só! Já crescida, viu-se obrigada a ir para as frentes de batalha para defender seu povo. Mulher, se fez homem! E foi para a batalha... Lá conheceu Riobaldo. Homem bom que só.
(...) 




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¹HISTÓRIAS DE LEITORES. Hilda Orquídea H Lontra(Organizadora). Brasília: Editora UnB, 2006.
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imagem: colhida na Rede.

sábado, 28 de julho de 2012

OLHAR AZUL


Olhar da cor do céu
Olhar da cor do mar
Olhar azul



Açude do Cedro em Quixadá, Ceará, Brasil.

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Texto/Imagem: Edna Freitass.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

Humor de sexta-feira: Ela ou Ele?



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imagem: colhida na Rede Social.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

A NATUREZA RETRIBUI, A NATUREZA AGRADECE


Flores para olhar, gostar, amar.

 Flores para, sobre elas, caminhar.


A natureza retribui, 


A natureza agradece.



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Imagens: Terreiro da Casa, em Sobradinho, Brasília, Distrito Federal, Brasil.

terça-feira, 24 de julho de 2012

O SINO DE ATRI ¹



Atri é o nome de uma cidadezinha na Itália. Muito antiga, foi construída sobre as íngremes encostas de uma colina.

Há muito tempo, o Rei de Atri comprou um sino grande e bonito, e o mandou pendurar na torre do mercado. Foi amarrada a ele uma corda comprida, que chegava quase ao chão. Até mesmo uma criancinha seria capaz de tocá-lo puxando a corda.
__ É o sino da justiça – disse o rei.

Quando estava tudo pronto, o povo de Atri celebrou o grande dia. Todos os homens, mulheres e crianças vieram ao mercado para ver o sino da justiça. Era muito bonito e foi polido até ficar brilhante e amarelo quanto o sol.
__ Como gostaríamos de ouvi-lo tocar! – disseram todos.

O rei, então, desceu à rua.
__ Talvez ele toque o sino! – disseram. E ficaram todos a esperar, imóveis, para ver o que o rei iria fazer.

Mas ele não o tocou. Nem ao menos colocou as mãos na corda. Ao chegar à base da torre, parou e levantou a mão.
__ Meu povo, estão vendo este lindo sino? Pois ele é seu. Mas não deve ser tocado, a não ser em caso de necessidade. Se algum de vocês sofrer alguma injustiça, que venha tocá-lo. Os juízes se reunirão imediatamente, e ouvirão o caso, e farão justiça. Rico ou pobre, velho ou novo, todos têm igual direito de usá-lo. Mas ninguém deve tocar na corda, a não ser que tenha sido mesmo injustiçado.
(...)


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¹O livro das Virtudes: uma antologia de William J. Bennet [selecionados e adaptados por Luiz Raul Machado. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
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Imagem: colhida na Rede.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

FOI! NÃO FOI! ¹

Quixadá, Ceará, Brasil

Choveu a noite quase toda. Chuvinha calma. Amiga. Boa vizinha. Sem trovoada. Sem bulha ou matinada. Chuvinha carinhosa, como cantigas de ninar, estribilhadas, no telhado da casa. Todo envolvido em macios lençóis, o sono desceu sobre mim como pluma. Bem de leve me transportou para o reino encantado dos sonhos e das fantasias. Adormeci como uma criança e sonhei como um anjo.

Acordo pela madrugada, sob o embalo de uma música diferente. É a saparia que grita estabanadamente num charco em frente de minha casa. Parece até uma batucada africana: - Foi! Não foi! Uma teima que não termina mais. Uma arenga parlamentar ou um duelo em júri, onde uns acusam e outros negam. (... )

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¹ Padre Antonio Vieira. Sertão Brabo. São Paulo:Editora Brasileira, 1968.

sábado, 21 de julho de 2012

O SINO DA ALDEIA¹




Quando o sino da capelinha toca, alguma coisa de notável aconteceu. (...)
Aquele sino é o jornal do povo. Anuncia com o seu dobre festivo ou triste os acontecimentos da aldeia. Jornal de bronze, órgão oficial daquelas famílias ali agrupadas, espalhando em edições gratuitas, lançadas aos quatro ventos, os acontecimentos sociais e religiosos da aldeia. (...)
Aquele velho sino de tanto dobrar e anunciar o que sente aquela gente, parece que adquiriu alma e sensibilidade, porque traduz precisamente tudo que sente e experimenta o povo da aldeia. Há uma perfeita sincronização entre o toque do sino e as palpitações do coração. Há uma perfeita integração de afetos, de sentimentos, de vibrações.
O sino diz o que o povo sente. O povo sente exatamente o que o sino diz. E assim vivem os dois, bebendo na mesma taça, alegria ou tristeza, lágrimas quentes ou beijos afetuosos.

“Sinos da aldeia, sinos de tristeza
Das almas a penar
Quando bateis a própria natureza
Parece meditar.”

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 ¹ Padre ANTONIO VIEIRA.Sertão Brabo.São Paulo: Editora Brasileira, 1968.
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Local: Catedral, Havana, Cuba.
Crédito da imagem: Edna Freitass.

CALVIN: Consegui!


sexta-feira, 20 de julho de 2012

ANJOS EXISTEM¹



Anjos existem. Visíveis e invisíveis. E acredito neles. Anjos são amigos. 
Tenho anjos. Alguns apenas me acompanham e me protegem. Em silêncio.

Sinto a forte presença deles bem pertinho de mim. Outros conversam comigo. Sinalizam atitudes que devo tomar.  Sim, converso com anjos. E acredito neles não somente por sentir sua presença e também porque os vejo. Um deles me acompanha desde criança. Esse anjo não me dá trégua. Já moramos na mesma casa por duas vezes. Mesmo em casas separadas, estávamos em contato constante.  

Sempre desconfiei de que ele age em nome de alguém. Faz interferências bruscas. Como diz um outro anjo, “corta o mal pela raiz... remendos sempre arrebentam”. É assim que esse anjo age comigo. Chega e diz a que veio, sem rodeios. Não estranho seu comportamento porque o conheço e sei de seu amor por mim. Estamos juntos há muitos anos e sabemos o que um representa na vida do outro. Isso é mágico. Vale toda uma vida!  

Quando me ensinou a ler na cartilha “As Travessuras de Tufão”, foi incisivo.
Quando sabia de alguém querendo “me pegar” na escola, partia na minha defesa.
Quando disse que eu deveria cursar uma faculdade, não fez por menos. Prestou concurso vestibular junto comigo. Pra me dar força e solidariedade. E vibrou com o resultado. Juntos, vencemos mais uma batalha. 

Quando decidiu morar na Terra Prometida, ficou combinado: ele viria em janeiro e, em julho, mandaria me buscar. Trocávamos cartas toda semana. Elas se encontravam pelo caminho. Era um vai e vem de cartas. Dito e feito. Em 20 de julho, dia internacional do amigo, aterrissei na Terra Prometida. Aqui, fizemos nosso alicerce, plantamos nossas sementes. Hoje, colhemos frutos dos quais podemos nos orgulhar. Dentre tantos frutos colhidos, um tem sabor especial: o fortalecimento de nossa amizade, que se multiplica noutras amizades. Noutros frutos. Noutras sementes...  

Meu anjo é você. Obrigada por não desistir de mim.  
Anjos existem. Anjos são amigos.

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¹ Edna Freitass. 
20 de julho, dia internacional do amigo.

NO FIM DÁ CERTO¹




ÉRAMOS dois colegas de ginásio que nos reencontrávamos na maturidade, um feito escritor e outro presidente de uma empresa.
__ Vai lá almoçar comigo amanhã – intimou-me ele.
Fui. (...)
Três ou quatro doses mais tarde, passamos à sala de refeições, onde almoçamos a sós como dois nababos, entre gargalhadas a cada nova reminiscência, estimulados pelo excelente vinho que o garçom ia sempre renovando.
__ Que boa vida você leva – eu dizia, admirado.
__ Você é que não sabe... As preocupações! Se não tivesse tanto trabalho, ia fazer como você: passar a vida escrevendo. Minha vida é um romance.

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¹ FERNANDO SABINO. No fim dá certo.Rio de Janeiro:Record, 1998.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Humor de quarta-feira: VOCÊ PROCURA UM EMPREGO?¹


Se você procura um emprego
que trabalhe só 2 horas por dia, 
3 vezes por semana, 
com salário de R$ 5.000, entre em contato comigo. 
Nós podemos procurar juntos.





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¹ Colaborador bem humorado: Sildo Correia .
   fonte: internet. 








AS CORES DAS FLORES

É possível vermos além, muito além.

terça-feira, 17 de julho de 2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

BATURITÉ


Monte Mor ficou maior¹
                                                                                                                                                               por Batista de Lima

Baturité é uma cidade de passagem. É um portal para quem vai à Capital, é uma porteira aberta para quem vai ao sertão. Cidade bonita, de prédios históricos, a gente tem vontade de ficar, mas apenas passa. De Primeiro era o trem. Parava, apitava, tinha uva pelas janelas, água de quartinha, vendida no copo e, de graça, a paisagem. Uma cidade histórica enfeitando um pé de serra. Tudo verde, tudo meio misterioso.

Quando o trem cansou, descobriu-se a serra, não a cidade. Suas filhas cresceram mais que a mãe, na procura dos turistas. Guaramiranga, Pacoti, Mulungu, Aratuba, todas ficaram mais procuradas. Baturité continua sendo uma cidade de passagem. Acontece que lendo "Monte Mor", de Almir Gomes de Castro, você fica na velha cidade. Aí não há trem que lhe carregue, não há Guaramiranga que lhe atraia. Esse romance de 150 páginas abre 150 portas para a cidade.

Monte Mor era o nome antigo de Baturité. Sua economia primeira vinha da produção do café. A cidade exportava café. A serra era o esteio na produção daquele ouro em grãos que ia fumegar em bules e xícaras por grande parte deste Brasil do Norte. Por trás dessa produção foi-se criando uma mitologia frutificada na relação dos grandes fazendeiros com levas de trabalhadores anônimos que passaram suas vidas embrenhados nas matas, no cultivo e na colheita do precioso produto.

Almir Gomes de Castro, médico e escritor já de renome, com uma produção de mais de dez livros publicados, vasculhou as entranhas daquele mundo serrano e nos trouxe como brinde uma narrativa de fatos reais e encantamentos. Esse seu livro, das Edições Livro Técnico, de 2010, oscila entre história e ficção, entre o sacro e o profano, o mandatário e o desvalido, o crente e o agnóstico. Tudo é binário, extremado, dicotômico. Só há duas classes sociais, a dos ricos e a dos pobres. De um lado, o dono da terra e das pessoas; do outro, o dono das almas.

Ramalho e Abdias são os donos das terras e das pessoas dos trabalhadores. Padre Teixeira o dono das almas. Do entrechoque entre a ameaçadora religião e o arbítrio do coronelismo surge uma vertente de crendices, verdadeira catarse de uma casta de desvalidos semi-escravos, resquícios de sebastianistas produzidos pelo abandono. O autor perscruta nessas figuras, uma religiosidade feita de penitências, uma sexualidade marcada pela espontaneidade da natureza e os devaneios da decrepitude humana.

O enredo perde seu pedestal diante da descrição da serra, da flora, da fauna e dos tipos que vão aparecendo. Entre esses tipos estão os dois coronéis: Ramalho, correto e piedoso, e Abdias, encarnação do mal e predestinado às caldeiras dos infernos. Na esteira dos dois estão récuas de trabalhadores descrentes ou fanáticos que acompanharam as tendências dos patrões. Como pano de fundo, uma serra com seus precipícios e acidentes corriqueiros, como que uma vingança da natureza contra a invasão humana, o progresso, o desmatamento, o desrespeito à coisa natural.

Por falar em desmatamento, é bom lembrar que em torno da década de 1850, o Padre Verdeixa, Alexandre Francisco Cerbelon Verdeixa, vulgo Canoa Doida, já verberava na Assembleia Provincial, onde era Deputado, contra o desmatamento daquela serra para o plantio de café. O livro de Almir Gomes de Castro mostra o apogeu dessa produção cafeeira, mas não menciona a devastação da serra que ainda continua, por conta da construção de mansões de veraneio, da elite fortalezense. Mas "Monte Mor" traz um verdadeiro apanhado dos elementos naturais que constituem uma antropologia da região.

A devastação da serra não é explicitada por Almir Gomes de Castro. Entretanto, metaforicamente, ele provoca o surgimento simbólico de um grande afundamento na serra, que começa a engolir as pessoas. É uma cratera que atrai para o seu interior aqueles que mais vilanias provocam no enredo. Se a leitura for feita a partir de um entendimento da subjetividade desse abismo, entende-se perfeitamente a virulência crítica do autor sobre aqueles que vilipendiam a natureza, devastando sem escrúpulos o meio ambiente. A serra não perdoa os que a torturam.

Ao final da leitura desse romance de Almir Gomes de Castro, fica patenteado para o leitor, o conhecimento que esse escritor tem da região que retrata. Ele opera uma reconstrução de uma Monte Mor nos moldes que um dia existiu, girando em torno da produção do café. Depois, ele estilisticamente mostra primor na elaboração dos diálogos e, mais ainda, possui o domínio da frase, uma sintaxe de quem é familiarizado com o código linguístico. Conhecedor da memória de Baturité, sua narrativa é um legado para as novas gerações, que menosprezam a história de suas gentes, desconhecem suas origens. Com esse livro, Almir Gomes de Castro não só abriu as portas de Baturité, mas foi com sua narrativa que Monte Mor ficou maior. 


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¹ Fonte: Diário do Nordeste, de 12.06.2012.

LEITURA de IMAGEM.1



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fonte da imagem: internet.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

domingo, 8 de julho de 2012

QUEM É ESSE MACHADO?

Céu da Casa de José de Alencar, em Messejana, Ceará, Brasil

Quem é esse Machado? Que antes, muito antes de sua morte, reserva um pouco de dinheiro para alguém ir ao enterro dele?

Antes, muito antes de sua morte, pede a uma de suas filhas que o dinheiro seja colocado em uma caderneta de poupança.
Ele acredita que uma de suas filhas, por ocasião da morte dele, talvez não tenha o dinheiro necessário para custear as despesas de ir a seu enterro.
Anos, muitos anos depois, o dinheiro é entregue à filha do autor-defunto. O desejo do autor-defunto fora cumprido.
Quem é esse Machado? Que antes, muito antes de sua morte, reserva um pouco de dinheiro para alguém ir ao enterro dele?   

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quinta-feira, 5 de julho de 2012

SINOS DO MUNDO¹

Sinos do Mundo, tocai por nós!

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¹ Igreja em Santorini, Grécia. Fonte da imagem: internet.

domingo, 1 de julho de 2012

PEDRA NO CAMINHO

PEDRA no caminho É sinal de LUZ.

Por maior/menor que seja, fiquemos atentos à ela.
Atentos, percebemos LUZ, outras portas/janelas ...