sábado, 29 de novembro de 2014

sobra de emoções



cabe a helena,
a sobra de emoções.
excedeu, transbordou, é setor de helena.
compete a ela, cuidar.
receber, acolher, resolver.
é essa a função de helena nesta vida.



janela da rua.

da casa do tempo.

domingo, 5 de outubro de 2014

gritos de amor


























quando o amor transborda
no jeito de olhar
no jeito de falar
no jeito de gritar, sorrindo.

da porta da rua, em uma cadeira de balanço
envolta em seus bordados de todo santo dia
grita:
luiza, o café tá pronto?
lá da cozinha, outro grito:
patroa, tá quase pronto!
enquanto responde, caminha até a porta da rua
e, frente à frente,
sorriem.
a patroa quer o café com ou sem açúcar?
não há resposta.
apenas sorriem.
voltam à suas atividades.

todos os dias são assim
transbordantes de amor.
de gritos de amor.





(fonte: Diário de uma Baronesa)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

viagens



enquanto aguardo atendimento em uma clínica espiritual, (re)leio Pequenas Criaturas de Rubem Fonseca. mergulho na leitura dos deliciosos contos.... em uma passagem:

"... eu era muito burro. dizem que existe uma diferença entre o sujeito burro e o ignorante, que o ignorante pode aprender e mudar, e o burro não consegue."

na hora, estabeleço conexão com o aniversariante de ontem.
esqueço o livro em minhas mãos e viajo noutra leitura.
lembro que, em nossas reflexões, conversas com café, admirada eu o elogiava por algum feito e ele, sorrindo, todo satisfeito, se saia com essa: filha, eu posso até ser ignorante, ter pouca leitura, mas num sou burro não!
riamos juntos (meu pai e eu).



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

casa


casa
é
templo
pouso
sossego.

casa
é
desassossego
intervenção
quebra de paradigma.

vai depender da história
do olhar.




domingo, 21 de setembro de 2014

voz das almas



tudo pronto para ir a jaguarão.
ela deseja rever tias, irmã e amigos.
no dia da viagem,
bem cedo, vai ao quarto do filho.
numa postura diferente, de alguém que aconselha, que chama a uma reflexão.
filho, a viagem pro jaguarão não vai mais acontecer.
como assim, tava tudo pronto para irmos.
e agora?
pois é. não vamos mais.
passei a noite toda ouvindo uma voz dizendo para eu não ir.
voz? que voz era essa?
acho que era voz das almas.
ficaram todos em casa.
pensando nos sinais que a vida faz chegar a cada pessoa.
sinais, avisos .... chegam através de amigos, sonhos, anjos de guarda, espíritos de luz, almas...
não importa que nomes tenham.
importa que temos protetores.
estejamos atentos.





fonte: Diário de uma Baronesa - 21.09.2014.

domingo, 14 de setembro de 2014

sinos de floripa, tocai por nós!

por jaqueline nobre

santuário da imaculada conceição ou igrejinha da lagoa - construção de 1750

 


 


"penei pra tirar essas fotos. olha a altura!
mas eram para uma surpresa especial.
igrejinha da lagoa, mais de 200 anos.... uma moça!
fica no alto da montanha.
o tempo tava nublado...
a igrejinha tava fechada...

elas, realmente, foram tiradas para você."

floripa-sc, setembro.2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

entre pousos e voos

por Tony Freitass


o tempo voa
submerso
nas tarefas do cotidiano
e você nem percebe que
os degraus
vão sendo alcançados
como consequência de sua
perseverança,
foco e
dedicação.

que cada degrau
possa agregar
em sabedoria e
maturidade,
sempre!







Natal-RN, 31 de agosto de 2014.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Mãos pra quê?



No restaurante ou em casa,
gosta de comer, certos alimentos, pegando com as mãos.
Alguém ousa indagar:
- por que a senhora não pega a comida com a colher?
De pronto, vem a resposta:
- pra quê que eu quero as mãos?












(fonte: Diário de uma Baronesa, 01.01.2013)



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Vende-se esta casa


Casa de portas e janelas fechadas.
Entram e saem pessoas fechadas.
Nenhum olá,
tampouco, um olhar.
Enquanto borda, 
observa
a casa, as pessoas.
O tempo passa.
Casa e pessoas permanecem iguais.
Fechadas.
Enfim, o dia amanhece.
Casa à venda.
Ao ler o anúncio,
pensa em voz alta:
Que a pessoa que comprar essa casa,
goste de amizade.



(fonte: Diário de uma Baronesa- 17.01.2013)

domingo, 17 de agosto de 2014

Último encontro


Ele costuma reunir amigos em sua casa para celebrar a vida.
Sempre envolto pela família.
Hoje, não poderia ser diferente.
Igreja cheia de pessoas queridas.
Quando o sino badala 23horas,
os convidados são levados a uma cafeteria.
Comemoram, conversam, sorriem.

Os familiares cuidam de deixar a igreja fechada.
Somente ele fica lá.
Guardado.
Protegido por todos os santos.

Logo cedo, retornam.
Assistem o ritual de passagem,
do encerramento de um ciclo.
Acontece o funeral.
E ele, de corpo presente,
no último encontro.



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Esse lugar existe
















Moramos num pedaço do mundo em que os vizinhos cuidam uns dos outros.
Se as luzes da casa estão acesas ou apagadas a uma certa hora da noite,
Se o carro está do lado de fora da garagem,
Se o portão da garagem está aberto ou fechado,
Se a cortina da casa está fechada ou aberta.
Cada situação sinaliza algo particular de cada morador.

Quando algo sai da rotina, do que é o costume, o alarme dispara.

Numa dessas, uma das casas que costuma estar de luzes acesas até altas horas da noite, foi observada que as luzes estavam apagadas. O telefone também não atendia.
Sinais mais do que suficientes para o alarme disparar.

Em pouco tempo o sistema humanizado de busca acionou os contatos.
Para alegria de todos, logo obtivemos o retorno:
- Fomos deixar duas amigas no aeroporto. Na volta, passamos em um barzinho para lanchar.

Esse lugar existe.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Não sou passarinho!














No meio da manhã, inusitadamente, Baronesa vai até a cozinha preparar algo.
Um tipo de pirão com farinha, como se costuma dizer.
Luiza, sempre atenta, reflete:
- a senhora podendo comer uma fruta que é mais saudável!
Baronesa, prontamente, responde:
- eu não sou passarinho para comer fruta!
Na troca de olhares, as duas sorriem.

(fonte: Diário de uma Baronesa)

domingo, 13 de julho de 2014


                                Ter fé é acreditar naquilo que você não vê;
a recompensa por essa fé é você ver aquilo em que você acredita.
                                (Santo Agostinho) 

sábado, 10 de maio de 2014

Graças a Deus!

















Dia de sol.
Pela manhã
ainda bem cedo
o telefone toca.
Do outro lado
uma voz cheia de vida
comunica que a consulta marcada para o mês de maio
será transferida para junho.
- Hoje é sexta-feira santa. Vocês estão trabalhando!?
- Sim, graças a Deus!

(diálogo com o Hospital Sarah Kubitscheck)

sábado, 3 de maio de 2014

Atendimento humanizado





Ainda não eram 7horas da manhã. 
Seu trabalho de atendimento ao público começara há poucos minutos. Ela mais parecia um robô, todo arrumadinho, programado para dizer sim, não, sinto muito, é logo ali
O sol batia na janela, as pessoas felizes por, enfim, ter chegado o dia da consulta, de ser atendido naquele hospital de referência nacional e ela, ali, impávido colosso.

Não satisfeita de apenas observar, ensaiei uma necessidade e me dirigi ao balcão, à porta de entrada oficial. Fui pega de surpresa pois, em um lance, logo me respondeu é logo ali. Sempre fechada, sem um sorriso, sem deixar transparecer um único raio de sol. O mesmo que irradiava os cadeirantes e não-cadeirantes, não chegava até ela. Certamente, naquele dia, esquecera a chave da porta, da janela, por onde o sol entra. Em todos os demais setores, ele estava lá. Nas portas, janelas, nas pessoas. Antes das 7h30 da manhã fui atendida, exames marcados e agendado o próximo retorno. Saí de lá com o desejo de que o robô se desprogramasse para deixar o sol entrar. Senti a falta de um atendimento humanizado.

sábado, 26 de abril de 2014

Médicos de almas


Era o desejo
de estar perto
de conhecê-los melhor.
Veio o tempo
eles chegaram
crianças, bichos, plantas
homens, mulheres
A Natureza.
Era o desejo
de estar
perto deles
Médicos de almas.

sábado, 12 de abril de 2014

Paciência





Fagulha
que queima
acalma e
acolhe a
Impaciência.
                                     

domingo, 6 de abril de 2014

Janelas no olhar

Brasília-DF, 01 de abril de 2014.





 Para muitos uma janela é apenas uma janela. Para outros, é símbolo de superação, de seguir em frente, de estar diante do sol, do astro que ilumina. Com determinação, foco e fé, ela visualiza janelas abertas, corre atrás do objetivo; com estudo e trabalho, disputa seu lugar para estar diante dele, seu guia. Tem sido assim ao longo de sua vida, de seus dias.

Quando pensam que o jogo está definido, ganho, nem imaginam que ela está atenta à janela, ao sol que entra, a luz que a ilumina. E quando a janela começa a se fechar, não pensa duas vezes .... levanta vôo, bem antes que se feche completamente. Janela aberta, símbolo de força, renovação. É preciso ter coragem para abrir mão do conformismo de permanecer diante de uma janela entreaberta. Algo a impulsiona, a encoraja. Tão jovem e dona de tanta coragem.  

É ave, rio, janelas, girassol. Tem a garra da águia, a força das águas do rio, sabe a hora de fechar e abrir janelas; tem a sabedoria do girassol de, mesmo nos dias sombrios, buscar a luz. Vive o instante de celebrar, de rir, saborear os frutos da merecida colheita.

Que tenha sempre esse olhar atento, seja exemplo de que é possível encontrar e ser janelas para outras pessoas. Muito querida Paulinha, quanto orgulho! Você tem janelas no olhar.


sábado, 5 de abril de 2014

Remédios, quem vai querer remédios?


O vendedor, de porta em porta
Grita bem alto para toda a rua ouvir:
Remédios, quem vai querer remédios?

Tem remédio pra pressão?
Sim. Tem esse aqui.
Como devo tomar?
A senhora toma 1 comprimido pela manhã e outro à tarde.
Logo logo a senhora sente a diferença.

Remédios, quem vai querer remédios?
Tem pra dor de cabeça?
Tem pra diabetes?
E pra tontura, tem?


Remédios, quem vai querer remédios?
Tem pra pressão, dor de cabeça, colesterol alto, diabetes
Quem vai querer remédios?

Toda semana o vendedor passa no bairro vendendo remédios.
Mantém a saúde do povo do mesmo jeito. 

Remédios, quem vai querer remédios?

sábado, 29 de março de 2014

sábado, 8 de março de 2014

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Aos OITENTA, parabéns!

Fortaleza-CE, 17 de janeiro de 2014.




 Ela gosta de gente, de rua, praças, festas. O cotidiano, o ir e vir das pessoas é algo maravilhoso, encantador. Uma Repórter de rua, apaixonada.

Seus filhos imaginavam que, ao completar o ciclo de 80 anos, ela aceitaria o presente de uma festa com a presença de amigos, personagens reais de suas histórias, de sua vida. Qual quê! Com antecedência, comunicou que o presente de aniversário seria ir ao Santuário de São Francisco das Chagas, em Canindé, no Sertão Central do Ceará; na companhia dos três filhos, assistir à missa, passear um pouco pela cidade, olhar um pouco quem vai e quem vem, depois voltar para casa. Seria o desejo de fazer um tipo de retiro, de (re)encontro com os filhos? pensaram.

Na véspera, o filho do meio estava de aniversário. Os oitenta começavam a ser celebrados! Tudo parecia se cumprir conforme o pedido dela, de estar na companhia dos filhos.

No dia D, Santuário cheio, o sonho começava a se realizar. Ela e os filhos, no meio de fiéis das mais diversas partes do mundo que estavam ali para assistir a Santa Missa. O Sermão tocava individualmente o coração de cada um. Seria coincidência?



Ao final, foi convidada – pelo Celebrante – para ir até o altar. Diante da multidão, recebeu os cumprimentos e o canto de parabéns de todos os presentes. Foi emocionante, maravilhoso. Seu semblante mostrava alegria e espanto pelo que via e ouvia. Por essa surpresa ela não esperava.


Aos OITENTA, parabéns!




crédito das fotos: Eliton Freitass / Evanildo Freitass.
fonte: Diário de uma Baronesa.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Sol, Céu, Santuário

Canindé-CE, 18 de janeiro de 2014.


Sol, Céu, Santuário - em pleno Sertão.




crédito da foto: Evanildo Freitass

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Galo cego na Estação João Felipe

                                                                                                                             
Fortaleza-CE, 13 de janeiro de 2014.





Chego a Estação João Felipe para revisitar essa construção datada de 1870 que, a partir de agora, estará desativada. Leio o aviso fixado em uma das paredes com a informação do novo endereço onde o usuário deverá pegar o trem.

Como quem não quer nada, fico ali a ouvir conversas.


No saguão imenso o Senhor Segurança informa a mudança do dia. Cada pessoa que chega, vai direto à mesa dele. Todos querem saber como pegar o trem e se a estação está mesmo desativada. A cada um, ele repete a mesma informação. Em determinado instante o Senhor Segurança começa a resmungar após ser interrogado pelo usuário de trem.

a pessoa tá vendo o aviso ali na parede e ainda vem me perguntar...
parece galo cego que não quer ler.

Galo cego que não quer ler? 

O sino da Estação continua na parede, ativo. Toca para galo cego que não quer ler e para galo cego que, por ser cego, não lê. Afinal, quem são os galos cegos?



Cegos ou não, os sinos tocam.
Os SINOS TOCAM por nós.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

História de Assombração

Água Verde, Guaiúba-CE, 11 de janeiro de 2014.



O majestoso Casarão de Água Verde coleciona, ao longo de tantos anos, muitas histórias de mistérios, de assombrações.

Conhecer um pouco delas é mergulhar no imaginário dos moradores da região de Água Verde. Eles vivem ali, nas imediações do casarão sem nele entrar ... por medo das vozes, dos ventos, das janelas que abrem e fecham. Tudo acontece ali, dizem eles.

Em minha existência de idas e vindas à Baturité, passei por lá. Apenas passava. Lá da estrada, admirava a bela construção mal-assombrada.



Ontem, foi diferente. Entrei, pela primeira vez, no Histórico casarão.Lá dentro, sinal de abandono; marcas de uma fortaleza de construção que atravessa os tempos. Não senti medo, nem arrepios. Não ouvi vozes, nem barulhos estranhos.



Enquanto percorria salas, corredores e escadas, um agradável vento forte batia em mim.
Seria assombração?



crédito das fotos: Evanildo Freitass.