domingo, 25 de março de 2012

Em uma casa real, tudo é mesmo real? Ou não?

Leitor@,

Em uma casa real, tudo é mesmo real? Ou não? 
Hoje é domingo. Dia de sol e de chuva.
Logo cedo, Biai, mãe zelosa, observa os movimentos rápidos do filho. Ele se prepara para sair.
Ela não se contém:
- Pra onde você tá indo?
- Tô indo pra praia.
- Fazer o quê?
- Tomar banho.
- Num tem água em casa não? 

A casa mais parece o cenário de um grande teatro. Termina uma peça, começa outra.
Após essa participação, Biai prepara seu ateliê de bordado. Ela borda uma linda toalha de mesa. Tão logo começa sua arte, um bem-te-vi pousa em um dos fios da rede elétrica bem próximo a varanda da casa dela.
Ela na cadeira de balanço e o bem-te-vi lá no fio do poste. Também se balançando.
O bem-te-vi , costumeiramente, inicia a conversa.
- Bem-te-vi, bem-te-vi!!
Ela responde:
- Bem que eu disse, bem que eu disse!
O bem-te-vi ecoa bem alto:
- Bem-te-vi, bem-te-vi!
Ela faz um trocadilho mais alto ainda:
- Triste vida, triste vida!
Ele, após ouvir o trocadilho, retruca:
- Bem-te-vi, bem-te-vi!
Ela, dando mais asas à imaginação:
- Ki vida, ki vida! 

Essa peça acontece diariamente, pela manhã, por volta de 8h40. Acontece porque o bem-te-vi volta para cantar e contar a Biai como é o seu viver. Eles conversam. E cantam. Alegremente.
Os habitantes da casa, atores e platéia, embevecidos, ouvem esse contar, esse (en)cantar.

Em uma casa real, tudo é mesmo real? Ou não?  
Hoje é domingo. Dia de sol e de chuva.


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