sábado, 3 de dezembro de 2011

QUANDO EU VOLTAR A SER CRIANÇA¹

(... )
Nem sempre aquele com quem voltamos da escola é necessariamente nosso amigo. Pode acontecer que o amigo mora num outro bairro, de modo que os caminhos se separam logo, não dá para caminhar um pedacinho juntos. Portanto, amigo é uma coisa, e aquele com quem se gosta de voltar da escola é outra. Mas o amigo é sempre como um irmão, e até mais. Só que o irmão a gente conhece melhor, não há como se enganar. Já o amigo se faz através de palavras, você pensa que o fulano é o que ele diz que é, mas se ele for falso, pode haver engano. Ele é uma coisa na nossa frente e outra coisa diferente longe de nossos olhos: ou então diz uma coisa e faz outra. Se você tem um irmão que não é como você quer, não tem saída: pode brigar com ele, mas no fim vão ter de fazer as pazes. Já no caso do pseudo-amigo é possível separar-se para sempre.

Quando fui criança pela primeira vez, tive diversos amigos.
(...) 


¹JANUSCZ KORCZAK. Quando eu voltar a ser criança. São Paulo: Summus, 1981.


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