domingo, 5 de outubro de 2014

gritos de amor


























quando o amor transborda
no jeito de olhar
no jeito de falar
no jeito de gritar, sorrindo.

da porta da rua, em uma cadeira de balanço
envolta em seus bordados de todo santo dia
grita:
luiza, o café tá pronto?
lá da cozinha, outro grito:
patroa, tá quase pronto!
enquanto responde, caminha até a porta da rua
e, frente à frente,
sorriem.
a patroa quer o café com ou sem açúcar?
não há resposta.
apenas sorriem.
voltam à suas atividades.

todos os dias são assim
transbordantes de amor.
de gritos de amor.





(fonte: Diário de uma Baronesa)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

viagens



enquanto aguardo atendimento em uma clínica espiritual, (re)leio Pequenas Criaturas de Rubem Fonseca. mergulho na leitura dos deliciosos contos.... em uma passagem:

"... eu era muito burro. dizem que existe uma diferença entre o sujeito burro e o ignorante, que o ignorante pode aprender e mudar, e o burro não consegue."

na hora, estabeleço conexão com o aniversariante de ontem.
esqueço o livro em minhas mãos e viajo noutra leitura.
lembro que, em nossas reflexões, conversas com café, admirada eu o elogiava por algum feito e ele, sorrindo, todo satisfeito, se saia com essa: filha, eu posso até ser ignorante, ter pouca leitura, mas num sou burro não!
riamos juntos (meu pai e eu).



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

casa


casa
é
templo
pouso
sossego.

casa
é
desassossego
intervenção
quebra de paradigma.

vai depender da história
do olhar.




domingo, 21 de setembro de 2014

voz das almas



tudo pronto para ir a jaguarão.
ela deseja rever tias, irmã e amigos.
no dia da viagem,
bem cedo, vai ao quarto do filho.
numa postura diferente, de alguém que aconselha, que chama a uma reflexão.
filho, a viagem pro jaguarão não vai mais acontecer.
como assim, tava tudo pronto para irmos.
e agora?
pois é. não vamos mais.
passei a noite toda ouvindo uma voz dizendo para eu não ir.
voz? que voz era essa?
acho que era voz das almas.
ficaram todos em casa.
pensando nos sinais que a vida faz chegar a cada pessoa.
sinais, avisos .... chegam através de amigos, sonhos, anjos de guarda, espíritos de luz, almas...
não importa que nomes tenham.
importa que temos protetores.
estejamos atentos.





fonte: Diário de uma Baronesa - 21.09.2014.

domingo, 14 de setembro de 2014

sinos de floripa, tocai por nós!

por jaqueline nobre

santuário da imaculada conceição ou igrejinha da lagoa - construção de 1750

 


 


"penei pra tirar essas fotos. olha a altura!
mas eram para uma surpresa especial.
igrejinha da lagoa, mais de 200 anos.... uma moça!
fica no alto da montanha.
o tempo tava nublado...
a igrejinha tava fechada...

elas, realmente, foram tiradas para você."

floripa-sc, setembro.2014

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

entre pousos e voos

por Tony Freitass


o tempo voa
submerso
nas tarefas do cotidiano
e você nem percebe que
os degraus
vão sendo alcançados
como consequência de sua
perseverança,
foco e
dedicação.

que cada degrau
possa agregar
em sabedoria e
maturidade,
sempre!







Natal-RN, 31 de agosto de 2014.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Mãos pra quê?



No restaurante ou em casa,
gosta de comer, certos alimentos, pegando com as mãos.
Alguém ousa indagar:
- por que a senhora não pega a comida com a colher?
De pronto, vem a resposta:
- pra quê que eu quero as mãos?












(fonte: Diário de uma Baronesa, 01.01.2013)



sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Vende-se esta casa


Casa de portas e janelas fechadas.
Entram e saem pessoas fechadas.
Nenhum olá,
tampouco, um olhar.
Enquanto borda, 
observa
a casa, as pessoas.
O tempo passa.
Casa e pessoas permanecem iguais.
Fechadas.
Enfim, o dia amanhece.
Casa à venda.
Ao ler o anúncio,
pensa em voz alta:
Que a pessoa que comprar essa casa,
goste de amizade.



(fonte: Diário de uma Baronesa- 17.01.2013)

domingo, 17 de agosto de 2014

Último encontro


Ele costuma reunir amigos em sua casa para celebrar a vida.
Sempre envolto pela família.
Hoje, não poderia ser diferente.
Igreja cheia de pessoas queridas.
Quando o sino badala 23horas,
os convidados são levados a uma cafeteria.
Comemoram, conversam, sorriem.

Os familiares cuidam de deixar a igreja fechada.
Somente ele fica lá.
Guardado.
Protegido por todos os santos.

Logo cedo, retornam.
Assistem o ritual de passagem,
do encerramento de um ciclo.
Acontece o funeral.
E ele, de corpo presente,
no último encontro.



sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Esse lugar existe
















Moramos num pedaço do mundo em que os vizinhos cuidam uns dos outros.
Se as luzes da casa estão acesas ou apagadas a uma certa hora da noite,
Se o carro está do lado de fora da garagem,
Se o portão da garagem está aberto ou fechado,
Se a cortina da casa está fechada ou aberta.
Cada situação sinaliza algo particular de cada morador.

Quando algo sai da rotina, do que é o costume, o alarme dispara.

Numa dessas, uma das casas que costuma estar de luzes acesas até altas horas da noite, foi observada que as luzes estavam apagadas. O telefone também não atendia.
Sinais mais do que suficientes para o alarme disparar.

Em pouco tempo o sistema humanizado de busca acionou os contatos.
Para alegria de todos, logo obtivemos o retorno:
- Fomos deixar duas amigas no aeroporto. Na volta, passamos em um barzinho para lanchar.

Esse lugar existe.